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Foto do escritorMarina Magalhães Cardoso

A força de alguém está na oportunidade. E não será este alguém que irá correr atrás dela

Atualizado: 24 de set.

Card de divulgação de post no blog Labfaz. No centro do card, há uma fotografia de uma jovem mulher sorrindo, com cabelos cacheados ruivos e óculos de grau. No topo do cartaz, em fundo amarelo, está escrito "LABFAZ" com os contatos @lab.faz e o site [labfaz.com.br](http://labfaz.com.br/).  Abaixo da fotografia, há uma citação em destaque: "A força de alguém está na oportunidade. E não será este alguém que irá correr atrás dela. Escrito por Marina Magalhães."  No rodapé do cartaz, há logotipos de várias instituições: PALCO, LABFAZ, IATEC, SESI, e outros parceiros como Secretaria de Cultura e Economia Criativa do DF e GDF. O cartaz também menciona que a programação é gratuita e convida o público a conhecer o blog do Labfaz no endereço (http://labfaz.com/blog)
 

Este é um texto reflexivo. Diria que aqui será mais opinativo, colocando minhas vivências que foram poucas. Para não dizer que não tive nada no mercado de trabalho.
Que saibam todos que vão ler: Já trabalhei como vendedora na OLX para um familiar. E como cadeirante, nunca fiquei tão feliz com a oportunidade, mesmo não ganhando muito.

Depois de anos que passaram, tive minha primeira oportunidade, vamos dizer, aquela, como eu queria que acontecesse durante os meus quinze anos de vida, (ou quem sabe, treze).

Foi quando parei na equipe do Labfaz. E por causa deles estou aqui de novo. Fazendo o que eu quero fazer. Mas de forma remunerada.

A remuneração?

Quem sabe um dia chega. E da forma como a jornalista (sem experiência de campo que sou, merece). Mas por enquanto, e como uma boa colhedora de oportunidade, aceitei fazer o que estou fazendo aqui, repetindo a dose de um estágio não-remunerado que em 2021 decidi participar.

Achei prudente aceitar, podendo dizer que me dispus a estar nele (porque foi uma inscrição voluntária). E olha que eu estou lá até hoje, na plataforma "Dicas de Jornalismo" , essa que (com muitas aspas a serem colocadas), considero, eu mesma, o meu "trabalho".
Espero que não me entendam mal. Ainda gosto de estar lá. E também amei o convite que me fizeram para estar aqui e então escrever este texto, mesmo não ganhando uma bonificação.

Para mim, vale a chance. Alguém pode me dar a chance que eu espero de estar empregada. Por conta desse simples ato de escrever o que eu e outras pessoas podem estar passando.

Mas faço das minhas palavras, as palavras da minha mãe:

"Você é a cadeirante que não tem sorte."
Por que me auto-intitular neste conceito?

Porque existem até influencers PCD, mas não consigo me encaixar no grupo.

Porém, se até eles reclamam da falta de valorização do seu próprio trabalho, seja para agregar valor a algum produto ou até mesmo fazer propaganda, tenho direito de levantar a mesma bandeira que eles.

A bandeira: não somos primeira opção de empregados.

É questionável que sejam burocráticos com pessoas com deficiência na tentativa de empregá-las, mesmo que mostrem o devido interesse em querer trabalhar, pois sei que muitos empregadores reclamam de gente desinteressada e preguiçosa no próprio ambiente de trabalho.

Então por que não contratar ou não pensar em convidar a pessoa em questão para fazer algo? Vai que eles não serão os encostados que você tanto está acostumado/a a lidar?

Só que não fazem isso.

Se, por acaso, a PCD precisar de uma pessoa para ajudá-la, fisicamente, no que ela não dá conta de fazer sozinha, você já tem que pensar melhor no assunto.

Pensar melhor no assunto? Sim. Só pelo fato de (talvez) ter também que contratar também o acompanhante da PCD que trabalha na sua empresa? Porque se não contratar o próprio acompanhante / ajudante que talvez ela (a pessoa com deficiência), já tenha pago para que você não se preocupe com qualquer despesa que possa vir a ter e, assim, além de contratar a pessoa com deficiência, você, por questões maiores, vê possibilidade de, por segurança, por zelo do nome empresarial, poder contratar também a/o ajudante dela, só para não correr o risco do próprio acompanhante denunciar a empresa, a menos, é claro, se acontecer algo que não seja do agrado da pessoa que já está sendo paga.

É sério. Já ouvi que isso pode acontecer.

Quer dizer que é preciso desconfiar até do(a) auxiliar que o seu empregado contratou?

Assim não dá nem vontade de ser gente. Não dá nem vontade de ser o teste de nenhuma empresa. Já ouvi outras pessoas falando que sou uma bomba relógio também. Aquela pessoa que pode reclamar do que faz, mesmo tendo um emprego, e querer denunciar a própria empresa que me contratou por coisa mínima. Para ganhar em cima. (Se eu decidisse processar).

Me pergunta com o que eu gastei meu primeiro salário da OLX? Não foi com advogado para processar o meu tio. Fiz foi comprar, e com meu próprio dinheiro, o meu ovo de Páscoa anual.

Reclamar de quê, mesmo? Se aproveitar de quê, mesmo? Reclamar? Só se for do meu baixo salário na época. Se aproveitar?

Só se for para me apoderar da felicidade que me consumiu e do alívio que eu senti. Por me sentir gente, finalmente...

Se vocês, meros leitores, pudessem ver minha felicidade de, pela primeira vez na vida, não pedir dinheiro para o meu pai, ou não pedir para ele ir à loja comprar meu ovo de Páscoa, e com o dinheiro dele – repito – se vocês pudessem ver a minha felicidade de não usufruir disso de novo em minha vida, (pelo menos por um um único dia, e o dia que se repetiu por duas únicas vezes), vocês que estão lendo isso aqui, me dariam dinheiro até de graça.

Só para poder ver o meu sorriso de satisfação. Por me sentir adulta de novo. E por conta de uma realização pessoal de algumas horas outra vez. Mas como uma pessoa que quer trabalhar, mostrar sua utilidade, não me sentiria valorizada nem se fizessem isso. Me dá pavor pensar que vão me dar dinheiro só por estar no local e não fazer mais nada. Quero um emprego que me dê vontade de mostrar o que eu sei fazer. Também, se eu não tiver talento nenhum, sendo que penso ao contrário, que tal emprego, com o qual tanto sonho, não importa a área, não seja temporário ou apenas de final de semana, mas que ele seja capaz de agregar o valor que eu nunca vi em mim.
Que agregue valor no que eu não pude perceber nascer em mim. E no meu jeito de ser. Assim estaria feliz. Isso me faria sentir que não sou descartável e que poderia me conhecer como pessoa. Porque mal sei quem sou. Me tiram a oportunidade como quem tira o doce de uma criança, se a mãe, do nada, vê que o filho está comendo e não pode.

Isso não se faz. A mínima chance de ser diferente tem que ser provada. E que seja permanente.

Se você for PCD e tiver a oportunidade de me dar Ibope com esse texto e sua leitura, vou repetir uma coisa que falo sempre quando falam que eu sou uma inspiração: espero que você tenha mais sorte do que eu. E se todos os atípicos e pessoas não-atípicas estiverem se perguntando o que foi que eu fiz com o dinheiro que eu recebi do festival COMA (que foi quando trabalhei com a equipe do LabFaz)?

Comprei uma blusa da casa Sonserina. Não foi para mim. Por que? Graças a Deus, esta fã da série de Harry Potter e todos os seus derivados que existem não se encontra neste cômodo. O presente foi para minha amiga. Era mês de aniversário dela. E eu tinha prometido. Ela ficou feliz e eu também, pois um dos meus sonhos – se é que pode ser considerado o sonho de verdade, – é comprar presentes para os meus amigos e familiares mesmo que não seja data de aniversário. Contudo, para isso, preciso de alguém que acredite que me ensinando, eu posso fazer. E mesmo que demore, eu possa executar.

Então é isso. É aqui que se valorizam os exemplos de superação aos quais tanto gostam de dar nome.
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